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  • Foto do escritorVictor Hugo Ribeiro

Rondônia: um estado que cresce, mas não se desenvolve.



O estado de Rondônia tem experimentado um crescimento do PIB nos últimos anos bem maior que a média dos demais estados brasileiros. Em 2017, por exemplo, com um crescimento real de 1,4%, acima dos índices de inflação, Rondônia foi o destaque na região norte do Brasil, figurando como o Estado que mais contribuiu para o Produto Interno Bruto Nacional (PIB) na região. Na ocasião, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciara que a economia brasileira teve uma alta de 0,2% no segundo trimestre do ano em comparação com os primeiros três meses de 2017, índice que destaca o crescimento do PIB rondoniense, ao mesmo tempo em que revela uma queda considerável em pelo menos sete estados, principalmente da região nordeste. O agronegócio (agropecuária) tem se destacado como o setor o responsável pelo bom desempenho do PIB do estado.

O estado cresce, mas isso não significa melhores condições de vida para as pessoas. O PIB cresce, mas o estado não se desenvolve.

Ainda hoje o estado de Rondônia, apesar do crescimento do PIB, apresenta dados bem antagônicos. O estado é o 2º maior produtor de peixes do Brasil, um dos maiores produtores de café, o 6º maior rebanho bovino e o 5º maior exportador de carne do país. Por outro lado, por exemplo, o estado de Rondônia ocupa a 13ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no Brasil e a 4ª posição na região norte. Somente 3,5% de sua população tem acesso ao saneamento básico (IBGE, 2014) e, além disso, o estado ocupa a 13ª posição no ranking das unidades federativas do Brasil por renda per capta.

Para que o crescimento do estado de Rondônia se transforme em melhores condições de vida para as pessoas, é fundamental diversificar o eixo econômico do estado. Fazer com que a economia deixe de ser exclusivamente intensiva no modelo agrícola de commodities, para uma economia também intensiva no empreendedorismo e inovação. Por dois motivos:


1. Na chamada nova economia, o que gera riqueza verdadeiramente é o conhecimento e a inovação. Empreendimentos intensivos em conhecimento são focos dos chamados empreendedores por oportunidade. São pessoas que decidem empreender apesar de já terem uma fonte de renda, identificam uma oportunidade no mercado e, como já tem uma fonte de renda, podem planejar bastante o seu empreendimento. Por isso a chance do negócio de um empreendedor por oportunidade dar certo é muito maior. Ao contrário do empreendedor por necessidade, que é aquele que não tem nenhuma fonte de renda e vê nesta oportunidade de negócio, a única chance de sobreviver. Logicamente planeja muito pouco, atropela as etapas e tem chances enormes de fracassar. Segundo pesquisa da Global Entrepreneurship Monitor, no Brasil o número de empreendedores por oportunidade chega a 55%, enquanto que nos EUA está na casa dos 85%. Para se ter uma ideia do potencial da nova economia baseada em conhecimento e inovação, 95% da riqueza atual dos EUA foi gerada nos últimos 40 anos por uma legião de empreendedores por oportunidade, onde surgiram ícones do capitalismo moderno como a Apple, Google, Facebook, Microsoft. A propósito, o valor de mercado de cada uma dessas empresas supera em muitas vezes o PIB de Rondônia.


2.  Os bons resultados do agronegócio podem se traduzir em desigualdade de renda. Quando o modelo agrícola é baseado em pequenas e médias propriedades organizadas pelo cooperativismo, a conclusão é que o bom preço das commodities acaba beneficiando maior volume de pessoas, e a distribuição da renda é mais igualitária. Ao contrário, quando o modelo agrícola é praticado em grandes propriedades a tendência é que ocorra distribuição de renda de maneira desigual. Os agricultores familiares, comumente, têm custo mais elevado de produção que os grandes produtores. Estes, por sua vez, conseguem diluir os gastos, o que aumenta as margens de lucro, devido à quantidade produzida. Esse é um dos maiores desafios dos pequenos produtores, que veem a sua margem de lucro diminuída, impossibilitando a obtenção de renda significativa. Aqui está também uma grande oportunidade para o empreendedorismo e a inovação no estado.


E como fazer?

O poder público, a iniciativa privada e os representantes do setor produtivo precisam assumir o protagonismo, criando um ambiente favorável aos negócios para os empreendedores por oportunidade e moldando a cultura de inovação no estado. Para isso se faz necessário pensar em políticas públicas que viabilizem a conexão entre a comunidade de inovação e jovens empreendedores ao mercado, além de viabilizarem o desenvolvimento e aperfeiçoamento de produtos e soluções inovadoras. Somente assim, valorizando o empreendedorismo e moldando a cultura da inovação, o estado de Rondônia será verdadeiramente desenvolvido.

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